Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

sexta-feira, 7 de março de 2014

O VERDADEIRO GRAAL


por Mario Sales, FRC, SI, CRC



Não existe rosacrucianismo teórico.
Só é possível ser um rosacruz por experiência direta dos ensinamentos e técnicas.
Textos esotéricos nos tornam esoteristas eruditos, mas não melhores místicos e nem melhores rosacruzes.
Como já falei antes, a erudição pode inclusive afastar o místico do caminho de Deus.
Existe um equilíbrio a ser encontrado entre o acúmulo de informações e a devocionalidade e o senso de conexão com a Fonte de Todas as Coisas.
Um pouco a direita e nos tornamos vaidosos; um pouco a esquerda, obtusos e supersticiosos.
E todos nós, buscadores, caminhamos no fio da navalha.
Só quem é um buscador entende.
O rosacruz é um buscador. 




O místico rosacruz crê que pode alcançar o "Hole Graal", o simbólico Cálice Sagrado do Cristo, com o Sangue da Vida dentro dele, Aquele Cálice do qual se bebermos nunca mais teremos sede nem de justiça, nem de serenidade, nem de paz.
Mas este evento só ocorre após um esforço diferenciado. Conquistar esta Consciência Crística só é possível se o buscador para de buscar, se abandona a errônea concepção de que aquilo que ele busca está distante ou fora dele.
É um caminho para dentro, um movimento na imobilidade, um ruído no silencio.
Tempo sem espaço, o segundo nível da Árvore da Vida, Briah.
Nosso tempo interno vai se modificar, mas isto acontecerá na meditação, na quietude, na mudança íntima de perspectiva, de percepção.
Este é o rosacrucianismo prático, rolar o globo ocular na direção contrária, até contemplarmos nosso próprio crânio, por dentro.
Rosacruzes são buscadores de Briah, movimentam-se sem se movimentar, modificam-se sem se mexer.
Os dias se sucedem a nossa volta, a vida se desenrola a nossa frente, sem que haja muito que este vai e vém das ondas da existência façam por nós, a não ser se tornar um foco de meditação móvel, como a chama de uma vela.
Sim, creio agora que é possível acalmar-se contemplando sem ansiedade o movimento cotidiano e aparentemente banal da própria existência.
É nesta contemplação do banal e do corriqueiro, sereno, que nos abstraimos da mesma ansiedade que alguns julgam ser causada pelo burburinho do mundo e da sociedade.
Olhar o mundo com serenidade, usar o mundo como foco de concentração, é um artifício semelhante a meditar a beira do mar, e olhar os movimentos da água, caótico, às vêzes violentos, mas sempre fascinantes e hipnóticos.
Não, a tensão e a ansiedade não vem daquilo que contemplamos; só o contemplador é doador de sentido ao contemplado.
O rosacruz deve ser senhor de seu exercício de contemplação, ele deve estar no comando do ato de contemplar, e este controle não advém da força,mas da ausência de esforço, da tranquilidade íntima ao contemplar.
Rosacrucianismo prático é a busca deste estado, deste Graal Interno, o único verdadeiramente real.

Todo o resto pode ser e é, na maioria das vêzes, distração da meta, inimiga declarada da luz.
Sejamos intransigentes em preservar nossa paz interior, para que nosso olhar seja sempre claro, nítido e sereno.
Nada mais importa.

3 comentários:

  1. Sejamos menos Theoricus e mais Praticus. Parabéns frater Mário, impecável com sempre!

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  2. "[...] como a chama de uma vela." "[...] só o contemplador é doador de sentido ao contemplado. [...]" ... belíssimo... mas... continuo impertinente quanto ao uso dos rótulos em grandes textos: "o rosacruz..."... isso retira o valor universal das palavras e o insere em um contexto parcial. Por um acaso essas palavras não se aplicam a quem não é Rosacruz. Penso que se aplicam a qualquer místico de qualquer outro segmento filosófico. (Fernando Luiz)

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