Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

domingo, 30 de dezembro de 2012

TODA ÁGUA VEM DA MESMA FONTE


por Mario Sales, FRC.:, Gr.:18 - C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD) 


Para quem depende como eu das informações captadas pela intuição, ficar alguns dias sem perceber coisa alguma, seja texto ou imagem, é aflitivo.
Já falei sobre isso aqui inúmeras vezes, mas o fato é que trata-se de um fenômeno cíclico.
E até hoje, eu supunha que um bloqueio intuitivo significasse o bloqueio de todo o fluxo da energia que me alimenta, como alimenta a todos nós. Hoje percebi a tolice desta suposição.
Dei um passo a mais na compreensão da fisiologia da captação.
Aliás, supor um bloqueio total de fluxo em si já é um absurdo pois se isso ocorresse, entre eu e o Universo, significaria a morte física.
E não há relatos de que pintores, escultores ou escritores sem inspiração tenham falecido em função disso.
A mesma energia que me alimenta a vida, transporta dentro de si as informações necessárias à esta vida, instruções e dados, que suponho, viajem em ambos os sentidos, tanto da fonte para nós como de nós, de volta à fonte. Portanto, se existe algum bloqueio, alguma supressão de dados, ela é seletiva, e não total, impossibilitando, por exemplo, a criação artística, mas não impedindo a manifestação da existência.
Podem haver momentos em que não sejamos capazes de criar, de materializar a beleza do invisível, de transmutar o aparentemente inexistente em algo sólido, mas isto não significa que não estejamos em contato , por outros canais, com a Sede de toda a Criação.
Um evento doméstico me mostrou isso hoje.
Necessitei fazer alguns procedimentos bancários, via Internet, hoje pela manhã. Era uma simples transferência bancária, da conta corrente da minha esposa para sua conta de poupança.
E assim fiz.
Como a operação estivesse sendo feita na conta de minha esposa, e como o banco, por motivos de segurança, envia a cada operação realizada, um código de Token por SMS, para o celular do titular da conta, e como minha esposa está em viagem, durante toda a operação eu estava em contato com ela, por telefone, de forma que, quando fosse o momento, ela me passasse o código que seria enviado para seu telefone, de forma a concluir o procedimento. 

Ao final da transferência, despreocupadamente, ela me perguntou pelo saldo final na sua poupança. E aí começou um pequeno drama familiar.
No início deste mês, eu havia feito um depósito em cheque, nesta mesma conta, de uma quantia considerável, resultante de um negócio familiar imobiliário. E só hoje, vinte e seis dias depois, quando ela me perguntou o saldo final, demos conta de que a quantia que tinha sido depositada não estava lá, simplesmente havia desaparecido.
Bom, não é difícil entender o desassossego que isso causou. Sou muito distraído, perco coisas com frequência, óculos, a capa do meu celular (a todo momento) e não fosse a poderosa técnica rosacruz de visualização para encontrar coisas eu perderia muitas delas, todos os dias. Graças a prática, basta que eu visualize o objeto desejado desaparecido, seguindo o protocolo da técnica, e em alguns minutos, ou dias, ele aparece diante dos meus olhos.
Já mergulhei a mão em fendas de sofás com segurança inexplicável para dali sair com uma caneta desaparecida, entre os dedos ou um documento extraviado.
Já inclusive encontrei meu carro, na época em 1995, que havia sido furtado três dias antes, um automóvel Kadet, da GM, e em perfeito estado, usando a mesma técnica.
Só que no momento em que dei por falta da quantia, que deveria estar depositada naquela conta, a minha primeira reação não foi de serenidade.
Mesmo com uma experiência tão sólida neste campo, seja pelo volume de dinheiro envolvido, seja mais provavelmente pela minha inépcia e incompetência emocional, inexplicável do ponto de vista intelectual, depois de ter lançado mão desta maravilhosa técnica tantas vezes em trinta e sete anos de prática, deixei que minha mente mergulhasse em intenso stress. E o stress na voz da minha esposa ao telefone só aumentava a minha apreensão. Desliguei e comecei uma busca em gavetas e pastas, atrás ou do cheque ele mesmo, ou do recibo de depósito. Concomitantemente, comecei a visualizar o cheque a minha frente, com os olhos abertos, como fazemos quando temos já algum treino. Vi a imagem do papel se formar a minha frente gigantesca e me acompanhar pela casa, percebendo detalhes da textura do papel do cheque, da assinatura do emitente, que conheço, tanto quanto via com nitidez a quantia escrita a mão na parte superior direita do documento.
Mantive aquilo à minha frente, no espaço, por trinta minutos, enquanto vasculhava a casa, sem perceber que a minha ansiedade bloqueava qualquer possibilidade de resposta.
Foi nessa hora que meu pai apareceu na porta do quarto, me lembrando que era hora de almoçar.
Existem duas coisas que são sagradas para meu velho pai: a hora de suas novelas e a hora de suas refeições.
Pedi que esperasse alguns minutos, para ver se conseguia encontrar alguma coisa referente a questão, já que o extrato no site do banco não era informativo o suficiente.
De repente percebi a armadilha emocional e comecei a desarmá-la. Tudo que eu precisava era exatamente aquilo que meu pai me propunha, sair de casa e esquecer o problema por alguns minutos, deixar que o pensamento e a imagem saíssem de minha mente e voassem para o Cósmico. Precisava suspender as buscas e CONFIAR, que COMO SEMPRE, TUDO SE RESOLVERIA DA MELHOR FORMA POSSÍVEL, AO USAR A TÉCNICA.
Saímos de casa em direção ao restaurante e a cada passo (fomos a pé porque era muito perto) mais e mais minha intranquilidade diminuía e mais e mais forte era a certeza intuitiva de que "nada havia se perdido, de que tudo estava bem e que logo eu saberia os detalhes sobre o que tinha acontecido". E assim, enquanto comia, sentia a certeza dentro de mim aumentando, como se um ser invisível estivesse falando no meu ouvido, repetindo a frase de que "nada havia se perdido, de que tudo estava bem e que logo eu saberia os detalhes sobre o que tinha acontecido".
Saí do restaurante, meia hora depois, muito, mas muito mais calmo. Toda a ansiedade havia desaparecido, não havia mais qualquer preocupação, apenas a certeza de que uma atitude não serena seria absurda e inaceitável uma vez que sou um iniciado experiente, com pleno domínio da técnica. E assim minha alma se aquietou, meu espírito se tranquilizou, e logo que entrei em casa fui direto ao mesmo quarto e às mesmas pastas que havia examinado antes, folheando um a um os papéis, calmamente. Não levei dez minutos para encontrar o recibo do depósito, que não havia encontrado antes. Ele confirmava que o depósito havia sido feito, o cheque tinha sido depositado, portanto eu não o tinha perdido por distração e estava em mãos com uma prova documental da operação. Metade do problema tinha se resolvido.
Restava agora saber porque, tendo sido depositado, o cheque e a quantia não aparecia no saldo final da conta nem no extrato.
Voltei ao computador e ao mesmo site que antes havia visitado, só que agora sereno e confiante, e comecei a vasculhar de novo os extratos e as telas que antes já havia pesquisado. Também dessa vez, não mais que cinco minutos depois de começar, encontrei uma forma de consultar com detalhes a movimentação da conta de poupança e "bingo", o cheque estava lá, o depósito, tudo enfim, como dizia o recibo, depositado no dia cinco, para ser devolvido no dia seguinte, dia seis, por "erros de preenchimento", segundo a informação da tela. Ou seja, o dinheiro voltou para a conta do emitente do cheque, e por isso não chegou a entrar na nossa. Só que não sabíamos disso e só ficamos sabendo vinte e seis dias depois do ocorrido, por causa de outra movimentação.
Portanto, "nada havia se perdido, tudo estava bem e agora eu sabia, como prometido, os detalhes sobre o que tinha acontecido"como a voz do silêncio havia me sussurrado.
Esta experiência foi uma iniciação pra mim, não pelo aspecto ocultista ou místico, mas sim pelo psicológico, pois vivenciei a noção de que a serenidade não deve ser perdida em nenhum momento diante das vicissitudes da existência, e não devemos nunca ter receio algum , pois o Universo não nos é hostil, ao contrário, estamos protegidos pelo conhecimento e pela conexão com o Cósmico.
Descobri também que, se fazem já alguns dias que não escrevo por estar completamente sem inspiração, isto não significa que o fluxo da energia foi totalmente interrompido e o episódio acima foi como um romper de uma represa, e um jorro de força e inspiração ocorreu, destruindo todos os bloqueios e me arrastando de volta ao papel para registrar estes acontecimentos. Afinal, não importa se estamos falando da água da inspiração artística ou da água da intuição orientadora, pois todas estas águas vem da mesma fonte, são da mesma natureza.
Quando o dique se rompeu percebi que eu mesmo o havia construído, já que como lembrava o poeta , "muitas dores nascem do cansaço e da solidão", e se ergui muros o fiz por insegurança e falta de paz interior.




Existe um filme maravilhoso de Frank Capra, de 1938, chamado "I can't take with you", estrelado por Jean Arthur, Lionel Barrymore e James Stuart, e que no Brasil chamou-se "Dessa vida nada se leva". Na sua cena final, a familia de Martin Vanderhof, papel de Barrymore, está prestes a ser despejada pelo pai de Tony Kirby, (personagem de James Stuart) , Anthony Kirby, um rico financista, que sofria com a recusa de Vanderhofem vender sua casa , a única do quarteirão que resistiu ao seu assédio, impedindo um negócio imobiliário milionário.
Os móveis estão na rua, o despejo em andamento, e o responsável por isso, o banqueiro Anthony Kirby, personagem de Edward Arnold, responsável por todo este transtorno, entra na casa em busca do filho que paradoxalmente se apaixonou pela neta de Vanderhof, Alice, interpretada por Jean Arthur, tendo por isso rompido com o pai.
Desesperado por recuperar o amor de seu filho, ele concede em ir até a casa de seu suposto inimigo,
 aonde sem que ele soubesse, já está seu filho, consolando Alice quanto ao despejo. Encontra a casa vazia, e Vanderhof sentado sozinho na sala.




Após desabafar seu conflito entre os interesses materiais que tem como banqueiro e o amor do filho, ouve de Vanderhof  seguinte frase: "Olhe, existem momentos em que tudo que precisamos é tocar gaita e todos os problemas se resolvem. Vamos tocar gaita" e depois desta estranha declaração começa a tocar sua gaita de boca enquanto todos que a ouvem, correm para ver o que está acontecendo, inclusive o filho do banqueiro que estava no andar de cima com a neta de Vanderhof  Ao descer e ver o pai, entende que ele se arrependeu e fazem as pazes, ao som da gaita de Vanderhof  e tudo se encerra em meio a musica e a dança de todos os envolvidos na sala vazia da casa de onde não serão mais despejados.
É uma cena encantadora pelo lirismo e pela força ética e mística da situação. A fé de 
Vanderhof o Universo é tão grande que ele não se deixa abater mesmo quando tudo parece perdido e sua serenidade e alegria são tão grandes que contagiam e influenciam todos a sua volta.
Isto, senhores, é o verdadeiro poder.
Poder não sobre outros homens e mulheres, mas poder sobre nós mesmos e principalmente, sobre nosso próprio medo, sobre nossas próprias emoções.
Fiquei tão empolgado lembrando do filme que acabei de comprá-lo.
Preciso assistir mais filmes assim. Eles reforçam em mim a convicção de sempre ter confiança no Universo, talvez a mais importante das lições do rosacrucianismo, a qual jamais deve ser esquecida por nós, já que somos os herdeiros desta que é a mais poderosa tradição mística do Ocidente
.

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